Fernanda Pessoa se solidariza com mulheres vítimas de violência

A deputada Fernanda Pessoa se solidarizou, nesta terça-feira (20/03), durante o primeiro expediente da sessão plenária da Assembleia Legislativa, com as mulheres vítimas de violência.

Lembrou das vereadoras Marielle Franco (Psol), do Rio de Janeiro, assassinada na semana passada, em via pública, e de Karina Cordeiro (PR), de Pacatuba, agredida verbalmente no plenário da Câmara Municipal local.

“Exigimos respeito em todos os lugares. As mulheres são minoria no Parlamento, mas não vamos nos intimidar. Vamos continuar repudiando atos de violência e preconceito, em respeito a todas as mulheres cearenses, filhas e esposas”, afirmou.

A deputada defendeu a aprovação de requerimento com moção de repúdio ao presidente da Câmara Municipal de Pacatuba, Francisco Iranildo (PTdoB), que teria agredido verbalmente a vereadora Karina Cordeiro. A proposição, segundo ela, deve ser votada na próxima quinta-feira (22/03). “Homem que respeita a mulher deve votar sim a esse repúdio”, frisou.

Para Fernanda Pessoa, a divergência de ideias existentes no Parlamento deve ser com respeito. “Não evoluiremos como sociedade enquanto houver discriminações, quer seja por gênero, cor ou credo”, acrescentou.

A parlamentar frisou que a morte de Marielle Franco foi mais um caso absurdo de violência, porque a vítima falava de igualdade. “Essa violência fere a sociedade. Queremos Justiça. A gente fica sem palavras, por tamanha violência e brutalidade nesse ato de ódio e intolerância”, assinalou.

De acordo com Fernanda Pessoa, os dados sobre a violência contra a mulher são alarmantes e refletem a realidade do Brasil. Temos a quinta maior taxa de feminicídio do mundo. São 4,8 mortes para cada 100 mil habitantes. As mulheres negas sofrem ainda mais com a violência, que registrou um aumento de 54% nos últimos 10 anos, totalizando  2.875 mortes, de acordo com o Mapa da Violência, produzido pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), conforme explicou a deputada. “Os homicidas são os próprios familiares, cerca de 50%, e ex-parceiros, 32% do total.”

A deputada lembrou que, na semana passada, em Fortaleza, ocorreram três mortes de mulheres gravadas em vídeo, que foi distribuído pelas redes sociais. “Esses agressores têm de responder na Justiça. Para se ter uma ideia, de 2015 para 2017, foram registrados 505 casos de feminicídio no Ceará. Apenas 153 homens foram denunciados e houve somente 23 condenações”, informou.

Fortaleza, de acordo com Fernanda Pessoa, é a terceira capital do Nordeste em número de mortes de mulheres. De janeiro a 14 de março, adiantou, foram 139 mulheres assassinadas. Segundo ela, há também carência na rede de acolhimento da mulher. “A Casa da Mulher Brasileira está há um ano pronta e não foi entregue à população. Hoje a mulher vitimada peregrina de um lado para outro, sem ter para onde. Fica aqui a nova reivindicação para que a Casa da Mulher comece a funcionar plenamente”, pontuou.

Em aparte, a deputada Dra. Silvana (MDB) disse lamentar os vídeos, falando de “forma bárbara e perversa”, tentando evitar que as pessoas lamentem a morte de Marielle Franco. “Isso é um florescer do ódio. Penso diferente da parlamentar que teve a vida ceifada. Mas temos de respeitar. Precisamos ficar mais seletivos com essas comemorações. Fiquei chocada”.

A deputada Mirian Sobreira (PDT) disse que a sociedade precisa ter conhecimento sobre o que acontece à mulher hoje, como o aumento do número de mulheres sendo assassinadas. “Somos um país sem lei. A madrinha de tanta violência é a impunidade”, afirmou.