Discurso da Deputada Federal Fernanda Pessoa
Parlamento do Mercosul – Montevidéu
Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Parlamentares,
É uma honra representar o Brasil neste espaço de integração latino-americana, onde os povos do Sul se encontram para pensar o futuro em comum. Como mulher, sinto-me ainda mais honrada por ocupar esta tribuna, pois cada palavra que aqui pronuncio ecoa a voz de tantas mulheres que, ao longo da história, lutaram para que hoje estivéssemos presentes nos espaços de decisão.
A força da mulher na política
Nós, mulheres da América do Sul, carregamos a marca da resistência. Superamos preconceitos, enfrentamos barreiras culturais e desafiamos estruturas de poder que, por séculos, nos mantiveram à margem. Hoje, somos parlamentares, prefeitas, ministras, líderes de movimentos sociais. Como disse Simone de Beauvoir, “nunca se esqueça que basta uma crise política, econômica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados”. Essa lembrança nos move a permanecer vigilantes e firmes.
A presença feminina não é apenas um avanço civilizatório: ela transforma a política. Hannah Arendt já nos lembrava que o poder nasce da ação conjunta, do diálogo entre iguais. Quando mulheres participam, o diálogo se amplia e novas soluções surgem para antigos problemas.
O exemplo do Brasil
No meu país, esse espírito transformador também se expressa no empreendedorismo feminino. Milhões de brasileiras comandam pequenos e médios negócios, gerando emprego, renda e inovação. Elas movimentam a economia, sustentam famílias e comunidades, e mostram que investir em mulheres é investir em desenvolvimento sustentável.
Trago ainda a perspectiva que guia meu mandato: sou deputada da saúde. O Brasil tem avançado em políticas públicas que colocam a vida no centro das decisões. O Sistema Único de Saúde (SUS), orgulho do nosso povo, garante acesso universal e gratuito a programas essenciais. Destaco a ampliação da cobertura pré-natal, a prevenção e o tratamento do câncer de mama e do colo do útero, a distribuição gratuita de contraceptivos e a atenção à saúde mental materna. Como dizia Marie Curie, “um país que valoriza a saúde e a ciência valoriza o seu próprio futuro”.
A visão sul-americana
Mas a integração sul-americana exige mais do que conquistas nacionais. O futuro do nosso continente depende de cooperação profunda: comércio equilibrado, infraestrutura conectada, políticas ambientais comuns e, sobretudo, compromisso com a democracia e os direitos humanos. O Brasil, pela sua dimensão econômica, agrícola e energética, tem a responsabilidade de liderar esse processo de forma solidária e inclusiva.
O Mercosul no mundo
Não posso encerrar sem destacar o papel estratégico do Mercosul na economia global. Nossa região é guardiã de recursos naturais vitais, protagonista em cadeias de suprimento e voz forte nas negociações multilaterais. Somos também guardiões da Amazônia, do aquífero Guarani, do Pantanal, do Cerrado, do Chaco e da Patagônia. Isso nos dá não apenas riqueza, mas responsabilidade. O Mercosul tem condições de liderar projetos de agricultura sustentável, bioenergia e preservação ambiental, sendo ponte para uma economia verde.
Encerramento
Desejo que este Parlamento continue sendo a casa onde unimos esforços para garantir igualdade de gênero, fortalecer nossas democracias e promover um desenvolvimento que seja, ao mesmo tempo, econômico, social e humano. Como afirmou Eduardo Galeano, filho desta terra, “muita gente pequena, em lugares pequenos, fazendo coisas pequenas, pode mudar o mundo”.
Quando mulheres avançam, a América do Sul inteira avança.
Quando a saúde é prioridade, a paz e a prosperidade se tornam possíveis.
Muito obrigada.